7/04/2011

Análise filme - O pequeno Nicolau - na visão psicanalítica




O Pequeno Nicolau (Le Petit Nicolas 2009 – 91 minutos)
Direção: Laurent Tirard
O pequeno Nicolau é uma criança que vive no meio de muitas dúvidas, procedente da sua idade; como se faz um bebê? De onde ele veio? Questionado na escola, sobre o que ele queria ser quando crescesse, viu que sua vida era tão boa, que não queria crescer, isso porque tinha o carinho e atenção de sua mãe, que cuidava dele com todo amor, isso fica visível, quando no filme ele afirma que a mãe dele não nasceu para outra coisa que não seja ser mãe. Para Freud, o Complexo de Édipo é uma etapa fundamental do desenvolvimento psicossexual da criança e ele definiu que esta ocorria nos meninos entre dois e cinco anos de idade, quando eles experimentam sentimentos intensos de ciúme, amor, ódio, que desaparecem assim que eles tenham se identificado com o pai e aprendido a reprimir seus instintos sexuais. O menino que tenha se fixado nesta fase do desenvolvimento libidinal chamada fálica, ou em qualquer uma das outras etapas assinaladas por Freud, como oral, anal e latente, pode passar por problemas na vida adulta, devido à falta de gratificação de suas necessidades. Freud indicou que o Complexo de Édipo constituiria o complexo nuclear das neuroses e que a tarefa terapêutica da psicanálise consistiria em elaborar a fixação edipiana (o amor à mãe e o ódio ao pai), de modo que o indivíduo possa encontrar substitutos socialmente aceitáveis de sua mãe e, assim, reconciliar-se com seu pai, mas vale ressaltar que aqui, mãe e pai, pode ser qualquer pessoa que representam essas funções. O complexo de Édipo é derrubado nos meninos pela ameaça da castração, em que pensa que perderá seu pênis. A menina acredita que a castração já ocorreu, já que não mais possui o membro.
O pequeno Nicolau é um filme que também evidencia muito a fantasia de um menino, a fantasia é uma ação que se organiza, foge para mais adiante. Vivencia as histórias de seus amigos e algumas vezes se sente dentro delas. Assustado com a ocorrência, angustiado diante do enigma do desejo do Outro, o sujeito se restabelece com uma imagem que lhe vai servir de apoio. Pois, sendo a fantasia, uma construção, não se pode construí-la do nada, são necessários materiais e modelo; aqui no filme podemos ver que o material e o modelo são retirados das histórias de seus amigos e algumas historinhas, como a do O pequeno polegar. A fantasia então pode ser considerada como experiências que deixaram marcas no inconsciente do sujeito, mas que não ocorreram de verdade. Podem ser considerados produtos de busca pelo prazer, ou buscas de soluções que combinam verdade e adulteração, algo que se constrói em um furo do pensamento, cuja atividade se constitui pela cena primária, na qual o corpo se encontra fixado em expressões gestuais, isto sugere que a fantasia, pode ser considerada como algo que perpassa o passado, presente e futuro do sujeito sendo entrelaçados pelo desejo, uma vez que permite a liberação ilusória da realidade não satisfeita, Nicolau foge de casa porque se sente rejeitado pelos pais por conta da chegada do irmão, “irmão imaginário”.
Portanto, Freud desenvolveu um método de tratamento que se pode igualar a uma "ciência das coisas antigas da alma", onde o psicanalista busca trazer à luz as experiências traumáticas passadas que provocaram os distúrbios psíquicos do paciente, fazendo com que assim, ele encontre a cura, e muitas desses distúrbios é gerado na infância e “O pequeno Nicolau”, mostra-nos essas fases onde a criança, vive seu mundo imaginário e constrói seu mundo interior com experiências vividas na realidade do dia a dia.

Alessandra Araújo - 1º semestre de 2011.

Nenhum comentário: